domingo, 8 de abril de 2012

Inclusão da Filosofia como disciplina obrigatória para o Ensino Médio


A inclusão da Filosofia como disciplina obrigatória para o Ensino Médio é consequência de um processo de reivindicações e lutas por uma maior valorização das “ciências humanas” no processo educacional. É também uma resposta concreta as finalidades do Ensino Médio estabelecidas no Artigo 35 da LDB, como por as finalidades de que o aluno seja preparado para continuar aprendendo (inciso II) e o aprimoramento do educando, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico (inciso III). Sem dúvida a Filosofia tem muito que contribuir com essas finalidades do Ensino Médio na educação brasileira.
Analisando as competências e habilidades a serem desenvolvidas na Filosofia do Ensino Médio, inicio pela “leitura de textos filosóficos de modo significativo”. Essa competência é fundamental, pois é a partir dela que o aluno se torna capaz de problematizar o que é lido e assim apropriar-se reflexivamente do conteúdo. Assim durante a leitura do texto o aluno precisa tematizar e analisar rigorosamente os argumentos e conceitos para que possa se apropriar de uma leitura filosófico-reflexiva.
Ainda em relação a esta primeira competência destaca-se o papel do professor, visando desenvolver entre os alunos as capacidades de análise, interpretação, reconstrução racional do texto e problematização, pois só assim os alunos poderão realmente, não apenas compreender o texto, mas contextualizá-lo com a sua vida e a sua realidade na sociedade da qual faz parte.
Quanto há competência de “ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros” destaco a necessidade de se desenvolver no aluno a capacidade de decodificação e recodificação do texto e o desenvolvimento da capacidade de articular diversas referências culturais e filosóficas e seu envolvimento com outras disciplinas e outros saberes.
É exatamente isso que é destacado na habilidade seguinte que visa “articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos discursivos nas ciências naturais e humanas, nas artes e em outras produções culturais”, ou seja, desenvolver no aluno a competência da interdisciplinaridade e a capacidade de enxergar o mundo contemporâneo em que coexistem diversas interpretações cognitivas, diversidades culturais e de valores.
Neste contexto a interdisciplinaridade aponta para uma busca das conexões existentes entre todos os saberes humanos e assim estimular canais de diálogo entre eles. Deve-se ainda levar-se em conta a transdiciplinaridade, que é definida no Artigo 3 da Carta da transdisciplinaridade nos seguintes termos: "a Transdisciplinaridade é complementar da aproximação disciplinar; ela faz emergir da confrontação das disciplinas novos dados que as articulam entre si e que nos dão uma nova visão da natureza e da realidade."
Quanto à competência de “Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua origem específica quanto em outros planos: o pessoal-biográfico; o entorno sócio-político, histórico e cultural; o horizonte da sociedade científico-tecnológica.” Observa-se a necessidade de que o texto filosófico seja extrapolado para outros planos, como a dimensão pessoal do aluno, valores e suas concepções interiores, ao mesmo tempo em que também considera a realidade social e política na qual está inserido, compreendendo e estabelecendo relações entre o texto e a realidade desta sociedade científica e tecnológica na qual vive.
Quanto às competências de “Elaborar, por escrito, o que foi apropriado de modo reflexivo” e “Debater, tomando uma posição, defendendo-a argumentativamente e mudando de posição face a argumentos mais consistentes.” Estas são fundamentais para que a Filosofia possa cumprir os seus pressupostos como disciplina obrigatória para o Ensino Médio, pois é através da escrita que o aluno articula, organiza, contextualiza e reflete sobre o texto filosófico lido anteriormente. Daí vai surgindo no aluno, com a prática, um estilo pessoal, uma visão própria e particular não apenas do texto, mas de tudo que o cerca e a capacidade de analise, reflexão e emissão de opinião escrita e oral sobre o tema em debate. Através da escrita e do debate argumentativo os alunos acabam cumprindo o seu papel de indivíduos políticos envolvidos e comprometidos com os problemas e desafios da sociedade da qual fazem parte. Deste modo a Filosofia estará cumprindo o seu papel.

Francisco Alexandre

2 comentários:

  1. Achamos muito importante vocês terem mencionado a inclusão da matéria filosofia no ensino médio, e a repercussão dessa disciplina no currículo dos alunos. Realmente a filosofia ajuda a entender diversas áreas e entender o processo do conhecimento e do pensar dos indivíduos, uma maneira diferenciada de se expressar diante da vida. Muito bom o texto! ;)

    ResponderExcluir
  2. Olá amigos,
    A filosofia, como vocês afirmam no texto, deve, realmente, extrapolar para além da realidade escolar. O educador que ministra a filosofia deve despertar o educando para que o mesmo se perceba protagonista no mundo dialético do pensar e ser pensado, do mover e ser movido, do velar e ser revelado, do ser e não ser.
    Parabéns pelo texto!

    ResponderExcluir